Falta pouco: a ilusión colorada
01/10/2023
Estamos a poucas horas da partida que pode nos colocar na final da Libertadores, 13 anos depois. Jogaremos na nossa casa, que terá o ambiente de uma noite especial. Seremos milhares de fanáticos no estádio, conectados a outros milhões de torcedores ensandecidos espalhados pelo mundo afora com a mesma obsessão: alcançar a glória.
O time do Inter de Chacho e companhia tem nos feito sonhar como há tempos não acontecia. A jornada mágica contra o River Plate, a maturidade contra o Bolívar na altitude, a superioridade contra o time do momento, no primeiro jogo da semifinal no Maracanã...
Chegaremos, na próxima quarta-feira, do mesmo jeito que chegamos até aqui nesta Libertadores: com confiança, humildade e sangue nos olhos para competir e vencer. Do outro lado, não vamos nos iludir, haverá um Fluminense mordido e um treinador de Seleção pressionado pela mídia esportiva a mostrar trabalho, após o susto com o esculacho que escaparam de levar no Rio, não fosse a arbitragem.
Sim, se houve algum prejudicado pelo apito, foi o Inter, com o gol anulado de Mercado e a não expulsão de Cano, após o pisão no menino Rômulo. Se existiu alguém que nos menosprezou, por arrogância, bairrismo ou ignorância futebolística, cabe apenas lamentar. Prazer, Sport Club Internacional. Respeitem a nossa camisa, a nossa história e a nossa nação! Temos duas Libertadores e queremos a terceira, como se ainda não tivéssemos conquistado nenhuma.
Sabemos que precisamos fazer por merecer durante os 90 e tantos minutos. E, sem dúvidas, merecemos muito, depois de batermos na trave muitas vezes em temporadas passadas. Nos anos recentes, o destino nos trouxe grandes frustrações, algumas com requintes de crueldade.
Estamos agora, de novo às portas do triunfo. O "quase" não vale. Nossa espera é longa. Ocorre que as adversidades passadas forjaram o nosso caráter e aumentaram a nossa resiliência. Trouxeram-nos, até, uma certa frieza para encarar grandes obstáculos, como o desta quarta. Portanto, não é nada pessoal.
Estamos, sem dúvidas, mais maduros como torcedores, embora nossa gana não tenha arrefecido nada com os percalços vividos no caminho. Ao contrário. Adquirimos o ímpeto determinado daqueles que já viveram tudo e não têm mais nada a perder. Iremos para cima deles, como gosta o professor Abel Braga, ídolo da casamata. Agora é vencer ou vencer!
Na quarta, receberemos os visitantes no Beira Rio com o respeito e a hospitalidade de sempre: cantando sem parar para que possam aprender rápido os nossos versos e batendo forte os pés para ensiná-los a dançar no treme-treme do concreto do Gigante. O sentimento colorado estará em ebulição, mais do que nunca, nessa noite histórica. Cantaremos abraçados, alucinados e confiantes nos nossos atletas. Que o Super Flu não passe de uma gripe incapaz de ameaçar a imunidade da nossa defesa.
O que vivemos até aqui na Libertadores 2023 tem sido maravilhoso. É lógico que queremos mais. É importante, no entanto, não deixarmos de reconhecer méritos no trabalho do clube. Há tempos não sentíamos esse calor no peito, esse orgulho de ver o time e esse frio na barriga de que, desta vez, vai dar! Estamos envolvidos pela ilusión castelhana.
Deu química, novamente, entre o campo e a arquibancada. Quando isso ocorre, quem tem mais de 20 anos sabe, nos tornamos muito fortes. O gigante argentino River Plate talvez possa testemunhar.
Não deixemos de prestar nosso tributo ao glorioso Tricolor das Laranjeiras, clube brasileiro de muita tradição, de grandes craques e de torcedores ilustres, a quem manifestamos nosso profundo respeito. Temos certeza que o dia de vocês vai chegar. Até lá, poderão seguir o conselho da flamenguista Elza Soares (Botafogo era só o Mané): levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.
Embora muita gente influente na internet, nos microfones e na TV possa duvidar da nossa capacidade, é a nossa vez. Nosso reencontro com a felicidade está marcado há mais tempo.
Perdoem, mas o nosso grito está há muito represado, prestes a explodir a qualquer momento. Simplesmente, não dá mais para segurar. Este é o alerta. Certamente, o vascaíno Gonzaguinha, com sua sensibilidade, entenderia o nossa situação.
O grande objetivo é chegarmos ao Maracanã, no dia 4 de novembro, para acertarmos nossas contas com os deuses do futebol, disputando e vencendo uma final épica contra Palmeiras ou Boca. Amamos o Rio. Tanto que queremos levar as Ruas de Fogo para a Cidade Maravilhosa, fazer churrasco na praia, beber cerveja no Copinha com a coloradagem local. Enfim, antecipar o Carnaval.
Antes do sonho de novembro chegar, temos, é claro, o bom time do Fluminense pela frente. Será uma parada dura. Acreditamos no peso da nossa camisa, na força da nossa torcida e na mística do nosso mascote, o Saci. O Sport Club Internacional está jogando bem, a um passo de voltar a ser campeão. No que depender de nós, torcedores, estaremos prontos para fazer história, uma vez mais, a partir desta quarta-feira.
Contamos com as bençãos de São Sebastião para termos o prazer de voltar ao Rio, de preferência ainda mais fortes. Nosso São Benedito vai interceder por nós. Já sonhamos com a Cidade Maravilhosa, ainda mais linda e feliz, vestida de vermelho e branco. Quarta é a noite para garantir a compra das passagens. Até lá! Aquele abraço da Nação Colorada.